Missionários da Misericórdia - Reflexão sobre a missão no ano da misericórdia

Missionários da Misericórdia.

 

A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa. O Papa Emérito Bento XVI afirmou que “a maior obra de caridade que a Igreja pode fazer pela humanidade é a evangelização”. Por isso a Esposa de Cristo assume o comportamento do Filho de Deus, que vai ao encontro de todos amando incondicionalmente.  Na misericórdia, temos a prova de como Deus ama. Ele dá tudo de Si mesmo, para sempre, gratuitamente e sem pedir nada em troca. Vem em nosso auxílio, quando O invocamos.
                     A misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e de uma mãe que se comovem pelo próprio filho até ao mais íntimo das suas vísceras. É verdadeiramente caso para dizer que se trata de um amor « visceral ». Provém do íntimo como um sentimento profundo, natural, feito de ternura e compaixão, de indulgência e perdão.
                           “Quando Israel era um menino, eu o amei [...]. Eu ensinei Efraim a caminhar, conduzindo-o pelos braços [...]. Eu o atraía com laços humanos, com vínculos de amor; era, para eles, como quem retira o jugo e lhes dava docemente de comer [...]. Como poderia abandonar-te, Efraim? [...] O meu coração se comove inteiro dentro de mim, todas as minhas compaixões se acendem”  (Os 11, 1-4).   Na Sagrada Escritura, como se vê, a misericórdia é a palavra-chave para indicar o agir de Deus para conosco. Ele não Se limita a afirmar o seu amor, mas torna-o visível e palpável.
 
                     O primeiro e fundamental anúncio que a Igreja tem a missão de levar ao mundo, e que o mundo espera da Igreja, é o amor de Deus. Mas, para terem como transmitir esta certeza, é preciso que os próprios evangelizadores sejam intimamente permeados por esse amor, que tem que ser a luz da sua vida. (Ranierro Cantalamessa). Uma vez que os mensageiros forem seduzidos pelo fogo que arde em seus corações, eles proclamarão dia e noite as palavras do salmista em cada um dos versículos do grande hallel: Aleluia. Louvai o Senhor, porque ele é bomporque sua misericórdia é eterna. (Salmo 136).
                      Impulsionada pela misericórdia do Pai, a Igreja é convocada a ser misericordiosa, nesse intuito, somos enviados para uma evangelização renovada, com mais ardor e entusiasmo. Como exorta o Papa Francisco neste Ano Santo:  Poderemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual! Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos. 
 Neste Jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas.  « É Ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades. É Ele quem resgata a tua vida do túmulo e te enche de graça e ternura » (103/102, 3-4).
Não nos deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói.  Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda. As nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo. 
A obra do Espírito Santo não foi consumada, está em construção... Ele está vivo e ativo e nesses tempos onde o homem gradativamente se afasta do amor de Deus e sofre as consequências do pecado que Ele diz a Igreja: “ANUNCIEM A MINHA MISERICÓRDIA” quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz a Igreja (Ap 2,11 a).