“Moisés o homem que tinha fome de Deus” Formação para intercessores Comunidade Betânia Javé Nissi.

30/03/2016 17:02

Texto Base: (Ex 33,11 a) O Senhor falava com Moisés face a face, como alguém que fala com seu amigo.

Introdução:Esse texto bíblico revela antes de tudo a intimidade que Moisés tinha com Deus, ao ponto de Moisés ser chamado de amigo de Deus. Essa amizade não nasceu pronta, mas ela foi construída no dia a dia, ao longo de anos, e construída sobre o fundamento da vida de oração.

A oração é uma conquista. Moisés não nasceu sabendo rezar, mas foi aprendendo, a tal ponto que quando Moisés reza, não é um desconhecido que clama por Deus, mas um amigo. Moisés se destaca como intercessor, por que ele era amigo de Deus. Alguns santos da Igreja dizem: De fato, Deus tem muitos inimigos, e poucos amigos.

Analisando a espiritualidade de Moisés, aprendemos que a eficácia da oração de intercessão não depende da quantidade de "palavras" (cf. Mt 6,7), mas do grau de união que temos com Cristo no Espírito. Na comunhão que temos com ele, assim revelava o Senhor aos seus discípulos:

(João 15,4-5) Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.

Karl Rahner dizia– O Cristão de amanhã será um místico, alguém que experimentou alguma coisa, ou será nada. A liderança cristã deve ser antes de tudo uma liderança espiritual. Vamos ver que Moisés não tomava decisões sem ter a certeza que o Senhor estava com ele. ( Ex 33,15-16); Deus agia, e os planos do Senhor se realizavam através da colaboração do seu amigo, que passava, horas e dias com Ele, falando face a face.

Na escritura desde a separação de Adão, Deus sempre procurou amigos e em algumas passagens o Senhor até reclama.

ü (Is 59, 16). "Ele viu que não havia ninguém, admirou-se ninguém intervir“.

ü (Ezequiel 22,30). "Busquei entre eles um homem que levantasse o muro e se colocasse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não destruí-lo, mas não os achei"

ü João 15,15 – Eu não te chamo de servos, mas de amigos.

Vivemos hoje tempos difíceis para oração. O homem moderno está cada vez mais distante da mística, tornou-se materialista, consumista, hedonista. O secularismo entrou dentro da religião, e infelizmente, trocamos a glória de Deus, por bezerros de ouro, semelhante aos hebreus, quando deixamos de rezar, criamos ídolos. Ídolos que não falam, não ouvem e nem veem. Que não se relacionam ou podem preencher o vazio dentro de nosso coração.

Isso acontece por que existem duas consequências terríveis para aqueles abandonam a vida de oração em sua espiritualidade:

1º Quanto menos se reza, menos teremos vontade de rezar.

Quem não reza, cai em anemia espiritual. A anemia pode levar a morte, por que quantos menos você come, menos você tem vontade de comer.

2º Quanto menos rezamos, menos Deus é Deus em nós.

Quando deixamos de rezar, Deus vai deixando de ser alguém, ao qual queremos se relacionar e lentamente vai se convertendo em uma simples ideia, sem sangue sem vida. Quanto menos se reza, Deus tem menos sentido, e quanto menos sentido Deus tem Deus, menos se recorre a ele.

A raiz de todo ateísmo e do mundanismo é o abandono da oração.

Nesse texto (cf Ex 33,7-11) aprendemos com Moisés 7 lições para conquistarmos a amizade de Deus tendo uma oração profunda.

1ª Lição: Precisamos nos colocar na presença de Deus.

– O texto diz: (Ex 33,7) “Moises Levantou a tenda (Levantou e montou-a)”

A tenda é o lugar do encontro com Deus (oração). Mas pergunto quem levantou e montou a tenda?

Moisés. Mesmo tendo um exército a sua volta, Moises montou sua própria tenda.

Quem vai construir um relacionamento profundo com Deus, não é seu esposo, esposa, seus filhos, ou pais. Mas você.

Você já construiu sua tenda?

Dificilmente alguém conseguirá ter uma vida de oração sem a firme decisão de dedicar, todos os dias, ter um lugar, um horário, um tempo estabelecido para se encontrar com Deus.

2º Silêncio e solidão

v.7 Moisés levantava a tenda, fora do acampamento…-

Aonde está o seu tesouro, ai estará o seu coração... Precisamos nos afastar de tudo que possa impedir nossa vida de oração. Distrações, preocupações, agitações. Só começamos verdadeiramente a rezar quando o Senhor é o centro de nossa atenção. Na oração pessoal temos que saber que o tempo, não é mais nosso é dEle.

3º Precisamos rezar com perseverança

V.8 Moisés se dirigia a tenta – Todos os dias.

Santa Teresa Avila fala sobre a importância de perseverar na oração:

“Quem começou a ter uma vida de oração, nunca deve deixa-la. Nunca deixe a oração nos dias áridos, dolorosos e difíceis. Por mais pecados que cometa. O que importa é nossa fidelidade ao amigo, sabendo que Deus nosso amigo, é sempre fiel. É por meio da oração que podemos nos recuperar das quedas, e sem ela, teremos dificuldades ainda maiores. Creia o Senhor não há de faltar, se nos arrependermos de verdade e tivermos um firme propósito de recomeçar sem novamente ofende-lo. Neste caso Ele nos recebe com a mesma amizade, concedendo-nos as mesmas graças de antes e ainda maiores”. Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro.

4º Evite a negligência

V.8 –Podemos ser íntimos de Deus como Moisés, ou podemos ser expectadores espalhados no meio da multidão.

Na comunidade vão existir dois tipos de cristãos: Existia dois grupos, os que experimentavam a glória de Deus e o grupo daqueles que viam a glória de Deus na vida de Moisés.

Os negligentes são aqueles que sempre deixam a oração para amanhã. Ou sempre estão cansados e ocupados sem tempo e forças para rezar. Temos que rezar pedindo a Deus a graça da vigilância contra essa tentação. Principalmente a preguiça que é a pior delas. (Pr 19,15) A preguiça traz a sonolência, o descuidado passa fome.

5º Esteja sempre aberto a novas experiências de Deus

v.9 –Moisés entrava na tenda e glória de Deus descia

Existe duas situações propícias para experimentarmos a glória de Deus:

1º Na vida de oração. 2º Na missão

Alias para aqueles que tem uma vida de oração profunda e estão inseridos na missão, as experiências com Deus são constantes. Quando unimos esses dois elementos criamos a atmosfera perfeita para Deus agir. (Oração e missão); Abrindo um parênteses: Como tem faltado intercessão nos grupos de oração. As vezes a glória de Deus não desce, os pregadores não rezam, os intercessores não estão combatendo, o inimigo vence.

6º Busque a purificação constante do coração

v. 9 – O Senhor falava com Moisés face a face.

Moisés era transfigurado constantemente, pela experiência da palavra. (cf Mt 5.8) Quanto mais pureza houver em seu coração, com mais facilidade você ouvirá a Deus.

7º Nunca esteja satisfeito com sua vida de oração

V,11 a Moisés falava com o Senhor face a face. (Ex 33,18) Senhor, mostra-me a sua glória!

Moisés tinha sede de experiências maiores.

Temos que ter fome de Deus... Temos que ser como Moisés, não queremos só ver a face, mas toda glória. Queremos obter um profundo conhecimento de Deus, uma experiência que ninguém teve. Não podemos ficar na nostalgia do passado, enquanto o Senhor quer fazer novas todas as coisas.... Vamos rezar, rezar, rezar... Deus anseia por verdadeiros adoradores, ele está à procura de homens e mulheres fervorosos na oração.

o primeiro compromisso missionário de cada um de nós é a oração. é principalmente rezando que se prepara o caminho para o Evangelho; é orando que se abrem os corações ao mistério de Deus e que se dispõem os espíritos ao acolhimento da Palavra de salvação.» (Bento VXI)

Esse texto foi retiro de uma formação para o ministério Moisés da Comunidade Betânia Javé Nissi Andradas. Formador Rodrigo dos Santos Jesus.